30 de out. de 2009

Um litro de lágrimas. [7]

Capítulo 7 - 20 anos (1982-83) - "Eu não quero ser derrotada..."

Uma queda no banheiro.

Minha mãe trouxe de volta alguns bolos, mas eu não tive energia para comê-los.Estive deitada quase o dia todo.
Pensando que aquilo não era bom, tentei fazer alguns exercícios no meu futon.Só pude fazer um.
O feriado de verão começa amanhã.Minha mãe está dizendo aos meus irmãos e irmãs para discutirem o que eles irão fazer de modo que não saiam todos ao mesmo tempo.Isso é tranquilizador.Sinto muito por ser um fardo tão grande.
Vou fazer um esforço para ficar melhor, então por favor me perdoem.

Quando vou ao banheiro ou a mãe ou a Ako vem comigo.Elas me ajudam a puxar as calças para baixo e a sentar no vaso, então elas me esperam lá fora.Um dia eu balancei para um lado e caí, não sei como cortei, mas meu dedo estava sangrando.Eu perdi a consciência.
A próxima coisa que eu sabia, era que eu estava na cama.Eu podia ver o rosto borrado de minha mãe, minhas irmãs e meus irmãos.Então eu dormi de novo.
Eu podia ouvir vagamente a voz da minha mãe em algum lugar distante dizendo, "Você estava apenas instável porque sua pressão estava baixa.Não se preocupe com isso e durma bem".

Um assento estável de ferro pesando mais de sete quilos foi instalado.A família escolheu na loja que vende equipamentos especiais para deficientes em Nagoya.
Ao mesmo tempo, eles trouxeram uma esteira para colocar na cama (para ajudar a evitar escoriações) e um lençol para evitar a cama de ficar suja.
E também uma mesa pequena com pernas curtas (com materiais para escrita, cadernos, papéis de carta, e essas coisas) foi colocada ao meu alcance. Em cima dela havia um sino que produzia um som alto quando tocado.
Agora eu passo a maior parte do dia dormindo.Estou com medo da comida descer enquanto respiro por engano, porque não consigo engolir muito bem, então posso comer apenas uma pequena quantidade três vezes por dia.Eu como tão lentamente que o almoço vem apenas uma hora após o café da manhã.
Meu dia inteiro é tomado por comer, dormir e evacuar.Ainda por cima, alguém precisa me ajudar a fazer tudo isso...
Eu acho que minha vida chegou ao ponto onde está apenas a um passo de se tornar impossível ficar em casa.
Decidi parar de pensar sobre minha doença.

Procurando por um hospital.

Hoje, eu e minha mãe fomos ao Hospital Universitário de Nagoya.Deitei no banco do passageiro com a parte de trás rebaixada.
Eu cochilei até chegarmos ao hospital.
"Eu vou pressioná-los para te deixar ficar aqui", ela disse, "então não se preocupe, eu sei que o calor está incomodando, mas você precisa apenas ser paciente até o tempo ficar mais fresco.Aya você deixou muita luta em você, eu tenho certeza que você vai melhorar".

Mas eu senti que dessa vez eu não duraria.Não tenho nem o vigor nem a motivação.Não tenho nem mesmo força para pensar, então eu não poderia lutar.Eu não quero ser vencida por minha doença, mas o demônio da falta de saúde é mais forte.
Enquanto eu deitava no carrinho da enfermaria, minha mãe estava negociando com uma enfermeira, tentando evitar que eu ouvisse:
"Não podemos esperar na sala de espera como de costume.Ela está muito fraca.Por favor, trate-a como uma paciente em emergência e a examine rapidamente.Se algum paciente ficar insatisfeito com isso, eu explicarei sua condição para cada um e pedirei aprovação".
A enfermeira desapareceu na área de consulta dizendo, "Vou perguntar ao Dr. Yamamoto".Momentos depois, Dr. Yamamoto apareceu. Ele segurou minha mão e disse, "Quando tempo, pequena Aya.Eu estive esperando por você".
Ah, isso me manterá indo...
Seria uma pena morrer agora...
Se eu apenas pudesse escrever novamente, eu não teria nada do que me arrepender…
Salva pelo Dr. Yamamoto novamente…
Meus olhos encheram de lágrimas, minha mãe também estava chorando.
Depois da consulta, Dr. Yamamoto disse que iria nos apresentar no Akita Hospital na cidade de Chiryu, onde ele vai duas vezes por mês para exames médicos.
Me senti aliviada quando ele disse, "Pequena Aya, acho que você deveria entrar no hospital assim que as coisas estejam preparadas para você.Por favor espere um pouco.Eu quero que você esteja onde eu possa ficar de olho em você".
Meu lábio superior dobrou quando caí, e agora ele não encontraria o lábio inferior.
Entreguei ao doutor o que tinha escrito em casa:
'É difícil para engolir, então por favor me dê algum remédio para aliviar a tensão em minha garganta'.
Após o exame, a mãe me trouxe para a casa.Eu vibrei no carro por duas horas.
"Você tem que ganhar resistência", ela disse."Nos diga qualquer coisa, qualquer coisa que quiser comer ou que possa comer.Você quer alguma coisa?"
"Sim, eu gostaria que você cozinhasse um bolo para mim", eu respondi.
"Hum", ela respondeu. "Ako é melhor fazendo bolos do que eu.Ako, Aya gostaria que você fizesse um bolo!"
"Então será a primeira coisa que farei amanhã de manhã", Ako disse, sorrindo."Por favor espere por isso".
Eu estava exausta e fui para a cama imediatamente.

Minha mãe visitou o hospital Akita sozinha.
Antes de sair, ela me disse que iria verificar que tipo de hospital era e conversar sobre detalhes com os médicos.Ela também disse para minha irmã me perguntar o que eu precisaria, escolhesse algumas coisas para mim e colocasse em uma caixa.

Admissão no hospital e um 'cuidador'.

Eu finalmente entrei no hospital Akita, eu estava muito nervosa porque não estava familiarizada com eles.

Uma pequena senhora veio para cuidar de mim.
"Eu sou Aya", eu disse com uma voz fraca, "Prazer em conhecê-la".
Minha mãe explicou em detalhes minha condição, o que eu poderia fazer e assim por diante.Mas é muito difícil fazê-la entender completamente.
Minha dificuldade na fala está piorando, então pedi para a minha mãe comprar uma lousa mágica.Eu provavelmente falaria alguma palavra que as outras pessoas não entenderiam.
O movimento da minha língua é ruim, então a comida transborda na minha boca.Minha maneira de comer parece imunda, é uma visão lamentável.

Me sinto infeliz por não ser capaz de me comunicar bem.

Eu sou a única que deveria tomar a atitude mais sensata, mas eu não me sinto muito confiante...

Mãe, por que eu estou vivendo?

Senti tontura, tinha um rosto choroso, mas fechei meus olhos e permaneci imóvel.

Há um ninho de pombos no ramo de árvore de fora da janela.Um filhote está crescendo lá, estou feliz por isso.

Minha velhinha me ajudou a sentar na cadeira de rodas e me levou ao prédio número 1.
E então?Então eu usei o banheiro estilo ocidental para me aliviar.

Durante a reabilitação, eu tendia a fechar os olhos quando ficava em pé segurando a barra.Eu não conseguia abri-los facilmente de novo.
Eu sei que não deveria estar assustava, mas meu corpo fica duro porque sinto que posso cair.

Eu deveria entender corretamente as coisas que posso fazer agora e colocá-las em prática.Então eu não teria que sofrer de tanta agonia mental que não me deixa dormir à noite…
Não posso transmitir meus desejos rapidamente, então às vezes não consigo ir ao banheiro a tempo.Minha mãe sugeriu que eu usasse uma bolsa de drenagem urinária durante a noite.A razão para isso é que a senhora que cuida de mim fica cansada se o sono for interrompido.
Eu comecei a chorar, dizendo, "Eu não gosto dessa idéia, porque eu sei quando quero urinar.Eu vou tentar te dizer a tempo, então por favor não faça isso".
"Tudo bem, tudo bem", a senhora disse gentilmente."Não chore.Você não terá que usar".
Aquilo me fez chorar ainda mais.
De manhã, conheci o diretor do hospital no corredor.
"Bom dia pequena Aya.Como está indo?"
Sorri e tentei dizer "O-HA-YO"(bom dia) com os lábios fazendo bico.Pelo tempo que demorei para dizer, ele já estava a um longo caminho pelo corredor.
Ele deve estar muito ocupado.

Meu rosto choroso está criando raiz, isso não é nada bom.
De noite, meus braços e pernas ficaram tensos e duros.A senhorinha levantou e me fez uma massagem.

Por eu não poder me expressar facilmente, eu perco a paciência e choro.Eu sou a culpada por não poder me comunicar bem, não há motivos para que eu fique brava com a pequena senhora.
Sinto muito!

O tempo está bom hoje, eu quero levantar, quero andar.

Minha cuidadora me elogiou, dizendo, "Sua escrita está melhorando, você está comendo um pouco mais rápido agora e não está derrubando a comida".
Sinto que há algo para viver, mesmo que eu melhore só um pouco, então fiquei mais relaxada.Eu deveria viver considerando como as outras pessoas se sentem.Fiz uma promessa ao Dr. Yamamoto, que eu tentaria ser capaz de dirigir minha cadeira de rodas sozinha na próxima vez que o visse".

Eu vi o céu azul, fazia tempo...Era tão transparente, senti que poderia ser sugada para dentro dele.

Minha pronúncia das colunas 'na' e 'da' não são muito clara.E também é difícil para mim dizer as colunas de 'ka', 'sa', 'ta' e 'ha'.
Me pergunto quantas palavras restaram que eu ainda consiga dizer?Terei que tentar superar isso, de um jeito ou de outro.
Levante seu espírito de luta, ou sua doença irá te derrotar!

A senhorinha me comprou panquecas deliciosas para o almoço, comemos metade cada.

Eu estava com febre e não tinha energia para falar.Me senti muito pesada, fiquei o dia todo deitada na cama.
Minha senhorinha me olhava com uma expressão preocupada em seu rosto.
Tia Kasumi me levou a uma cafeteria dentro do hospital, ela me ajudou a beber soda de limão com uma colher, uma colherada por vez.Eu tinha desistido da cafeteria, pensando que nunca seria capaz de ir até lá enquanto vivesse, então aquilo me fez muito feliz.

As mãos da senhorinha estavam ásperas e rachadas agora, elas pareciam doloridas.Isso porque ela tinha que continuar lavando minhas fraldas durante a noite.Sinto muito.

Os Chunichi Dragons ganharam o campeonato de basquete!Por alguma razão, nós tivemos de bônus um doce de feijão vermelho e arroz, e uma xícara de creme de ovo cozido no vapor para o jantar.
Gostaria de saber se o diretor do hospital ou o chefe superior é fã dos Chunichi.

Eu queria levantar, mas quando tentei, eu balançava como um balanço e quase caí.Eu estava com medo.
Minha senhorinha me ajudou.
De manhã, eu quase engasguei.Estava assustada de novo.Se eu não tomar cuidado para comer, por mais saboroso que seja, poderia ser fatal.

Quando a senhorinha me levou para o banheiro, nós vimos um vaso transbordando com belas flores.
Nós piscamos uma para a outra e roubamos um botão.Colocamos no vaso em nosso quarto.

"Pequena Aya, você está muito dependente de sua cuidadora", Dr. Yamamoto me repreendeu."Você deveria achar o que você pode fazer sozinha e fazê-lo"
Eu estava feliz pensando que eu estava bem se eu simplesmente ficasse fora da cama por um longo tempo, mas eu estava errada.
A partir de hoje, vou praticar.

Eu podia andar!!!
Apoiando em minha cuidadora, pedi a ela para me levar ao parque.Eu queria brincar com alguma sujeira, senti como se estivesse colocando as solas do meu pé no solo.Pedi-lhe para colocar meus pés suavemente sobre a terra .O solo estava confortavelmente fresco!

Eu pratiquei desesperadamente, minha cuidadora estava impressionada com o que eu estava fazendo e me ajudou.Ela também me comprou um par de calças de moleton e uma jaqueta.Devo continuar…

Quero ir para casa durante o ano novo.Me pergunto se posso fazer com que me entendam.
Me preocupo sobre como posso me comunicar com todos se eles não puderem entender o que eu digo.Mas eu ainda quero ir para casa.
O botão da flor que roubamos estava aberto.

A senhorinha chorou enquanto me assistia treinar."Você fez um bom trabalho!", ela disse."Por que não assiste Aya uma vez?", ela disse para minha mãe um dia."Ela está se esforçando muito, sabe?"
Mas minha mãe respondeu, "Me machuca muito assisti-la".Então ela disse para mim, "Aya, você está indo muito bem.Nós queremos que você vá para casa no Ano Novo".
Me movi cuidadosamente.
"Sinto muito", eu disse para a senhorinha.
"Oh, cuidar de você é minha obrigação", ela respondeu."Não tem outro jeito".
Ainda assim, não sei como me sentir.

Tive presunto para o almoço, eu não saboreava presunto por um longo tempo.Isso me lembrou do passado.
Me perguntava como eu poderia demonstrar minha gratidão pela senhorinha.Eu não posso comprar nada a ela, porque não tenho dinheiro.Seria ótimo se eu melhorasse logo e pudesse cuidar dela.
Por favor espere até lá então!

Lutando para viver o presente.

Em mais dez anos…Estou com muito medo para pensar nisso.

Não tenho escolha, a não ser viver hoje mais sinceramente que eu puder.
Viver é tudo o que posso fazer agora.
Sou jovem mas não posso me mover…
Dilema e impaciência.
Mas eu sou uma doente, então tenho que me focar na recuperação.

Você, uma pessoa,
me aconselhe a não escrever tanto.
Reconhecendo isso,
juntei minhas mãos em agradecimento.
Pensando em meu leito...
(Nesse ponto a caligrafia de Aya se tornou ilegível).

Eu entendo que a menstruação, que indica que você é realmente uma mulher, pára se você tem uma doença.Eu também pensei que seria um sinal de recuperação se começasse novamente depois de 6 meses.

Olhando para cima, na enfermaria,vi o céu azul...Isso me deu um resto de esperança.

O-BRI-GA-DA.

Eu não posso mais levar a vida sem minha senhorinha ou sem depender de alguém para tudo, inclusive para me virar na cama, para lidar com minhas funções intestinais, colocar minha roupa, tirar minha roupa, comer, sentar…Minha mãe tem que trabalhar e cuidar de meus irmãos e irmãs, ela não é apenas minha mãe.
Minha cuidadora está gastando sua vida só para mim. Ela cozinha macarrão, e bolos de arroz (meu favorito) para mim.
Ela me encoraja a comer mais, mesmo que um pouco, e a melhorar o mais rápido possível para que eu possa ir para casa.Algumas vezes, sua nora traz pratos que cozinhou e me serve.Seus netos vem e tiram fotos minha, sua família toda cuida de mim.
Eu dificilmente posso falar, tudo o que posso dizer é "O-BRI-GA-DA".Mas eu quero demonstrar meu sentimento de felicidade para eles usando muitas outras palavras.

Cada pessoa tem uma doença indescritível.
Quando eu lembro do passado,
Irritantemente, eu choro;
A realidade de hoje
É muito cruel, muito severa,
E nem ao menos me oferece um sonho;
Imaginando um futuro
Me traz outros tipos de lágrimas.

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